segunda-feira, 22 de agosto de 2011

" O conceito de memória e sua manipulação...."


O conceito de memória e a maneira como ela funciona vem sendo tema dos estudos de filósofos e de cientistas há séculos. Este conceito vem se modificando e se adequando às funções, às utilizações sociais e à sua importância nas diferentes sociedades humanas. Em cada época procurou-se explicar a memória utilizando-se de metáforas compreensíveis, construídas em torno de conhecimentos que caracterizavam o momento histórico.
A memória e a imaginação têm a mesma origem: lembrar e inventar têm ligações profundas. O historiador resgata o que é importante do esquecimento. Os estudos envolvem necessariamente os conceitos de retenção, esquecimento, seleção. Em outras palavras, a memória é sempre uma construção feita no presente a partir de vivências/experiências ocorridas no passado. E a construção dessa memória é dinâmica e reinventada pelos grupos que detém o poder político momentaneamente, até ser reinventada e recodificada mais uma vez posteriormente. O indivíduo carrega em si a lembrança, mas está sempre interagindo com a sociedade, seus grupos e instituições. É no contexto destas relações que construímos as nossas lembranças.
Esta memória coletiva tem assim uma importante função de contribuir para o sentimento de pertinência a um grupo de passado comum, que compartilha memórias. Ela garante o sentimento de identidade do indivíduo calcado numa memória compartilhada não só no campo histórico, do real, mas sobretudo no campo simbólico. Ou seja, a memória é um objeto de luta pelo poder travada entre classes, grupos e indivíduos. Decidir sobre o que deve ser lembrando e também sobre o que deve ser esquecido integra os mecanismos de controle de um grupo sobre o outro.

(Kessel - Memória e memória coletiva)
 

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