terça-feira, 4 de março de 2014

Rapidinhas da terça...

O cérebro limita o número de amigos?

Me lembro até hoje da menina mais bonita da sala na minha época de escola. E ela tinha um traço de personalidade muito característico: agia de modo diferente com as pessoas. Com as amigas mais próximas, o “círculo interno”, ela era espontânea e legal; com as pessoas que ficavam no “círculo externo”, ela era arrogante, fria, em menor ou maior grau. Mas eu sempre achei que isso fosse coisa da minha cabeça, que eu estava exagerando. Até achar este interessante estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, realizado pelo Dr. Reed-Tsochas, palestrante da Said Business School e pesquisador da complexidade dos relacionamentos humanos. Ele fez uma pesquisa com 24 adolescentes nos últimos meses da escola, que progrediu até a entrada na faculdade e início do trabalho. Cada adolescente deveria listar seus amigos e fazer, como eu disse, “círculos de proximidade”, colocando quem eram os mais próximos e 
dizendo quanto tempo gastavam com eles. Além disso, os participantes também receberam celulares grátis, cujas contas foram avaliadas para saber quanto tempo gastaram no telefone com cada amigo. A surpresa é que, mesmo dispondo de internet e tendo mais de 500 amigos no facebook, os seres humanos ainda têm um número limitado de amizades. De acordo com Robin Dunbar, um famoso pesquisador evolucionista britânico, o limite de amizades que o nosso cérebro aguenta é de 150. No entanto, para amizades próximas, como mostra a pesquisa do Dr. Reed-Tsochas, esse limite cai drasticamente: apenas cinco. Mas estes cinco amigos não são fixos. Quando os participantes do estudo mudavam da escola para a faculdade, os seus cinco melhores parceiros mudavam de posição, indo para o “círculo externo”, com os outros 150, enquanto novos amigos entravam no “círculo interno”. E os que ficavam no “círculo externo” também eram trocados e atualizados constantemente – sendo que algumas amizades se perdiam ao longo do tempo. Lembra aqueles colegas com quem você estudou no primário? Ainda tem contato com algum 
deles? De acordo com o pesquisador da Chester University, Dr. Sam Roberts, isso ocorre porque o cérebro humano tem um limite de tempo e, principalmente, de capital emocional que pode gastar com outros seres hummanos, em especial amigos e famílias, algo que pode até soar esquisito. No entanto, isto explica aquelas ocasiões em que uma pessoa se dedica loucamente a outra e esquece de todo o resto – família e amigos. O interessante desta pesquisa, também, é que, embora o melhor amigo mude conforme a vida passa, o quanto você gasta de energia ou tempo com ele permanece o mesmo. Ou seja, você vai basicamente “atualizando” o seu melhor amigo. E uma paixão pode tornar ainda pior o seu status de amizade. Por conta de um novo amor, o número tanto de amigos próximos como distantes pode diminuir por causa da quantidade limitada de capital emocional. Quantos amigos já não foram perdidos para as namoradas? Convidamos você a refletir sobre o assunto: faz sentido o estudo ou te soa uma grande furada?

O que é Artrose?

Sinônimos: Osteoartrite, OA, doença degenerativa das articulações. A artrose ou osteoartrite (OA) é o distúrbio mais comum das articulações.
Causas
A artrose é causada pelo desgaste de uma articulação. A cartilagem é o tecido fino e emborrachado que reveste os ossos nas articulações e permite que os ossos deslizem uns sobre os outros. A cartilagem pode quebrar e se desgastar. Como resultado, os ossos se friccionam, causando dor, inchaço e rigidez. Bicos de papagaio ou esporões podem se formar ao redor da articulação e os ligamentos e músculos ao redor da bacia ficam mais fracos e rígidos.Comparação de um joelho acometido por artrose e um joelho saudável

Em geral, a causa da artrose é desconhecida. Ela está relacionada principalmente ao envelhecimento. Os sintomas da artrose geralmente aparecem na meia-idade. Quase todo mundo tem algum sintoma por volta dos 70 anos. No entanto, esses sintomas podem não ser graves. Antes dos 55, a artrose ocorre tanto em homens quanto em mulheres. Após os 55 anos, ela é mais comum em mulheres. Outros fatores também podem levar à artrose. A artrose tende a ser genética. Estar acima do peso aumenta o risco de artrose na bacia, nos joelhos, nos tornozelos e nas articulações dos pés. Fraturas ou outras lesões nas articulações 
podem causar osteoartrite futuramente. O uso excessivo a longo prazo no trabalho ou no esporte pode levar à artrose Entre as doenças que podem causar a artrose estão:
Distúrbios de coagulação que causam hemorragia na articulação, como hemofilia
Distúrbios que bloqueiam o suprimento sanguíneo próximo a uma articulação, como a necrose vascular
Outros tipos de artrite, como gota crônica, pseudogota ou artrite reumatóide
Exames -  O exame físico pode mostrar:
Movimentação da articulação que pode provocar rangidos (atrito) chamado de crepitação
Inchaço das articulações (os ossos ao redor das articulações podem parecer maiores do que o normal)
Amplitude de movimento reduzida
Dor ao pressionar a articulação
Movimento normal passa a ser doloroso
Não existem exames de sangue que auxiliem no diagnóstico da artrose. Um raio X das articulações afetadas mostrará uma perda do espaço da articulação. Em casos avançados, haverá desgaste das extremidades dos ossos e dos osteófitos.



A grande beleza

O filme vencedor do Oscar como melhor filme estrangeiro foi "a grande beleza". A sinopse de filme diz:
Em Roma, durante o verão, o escritor Jap Gambardella (Toni Servillo) reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade, e desde o grande sucesso do romance "O Aparelho Humano", escrito décadas atrás, ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então, a vida de Jep se passa entre as festas da alta sociedade, os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude, Jep cria forças para mudar sua vida, e talvez voltar a escrever. Um obra prima que vale a pena assistir sobre a reflexão da própria vida de cada um de nós.

O delicado (conto de Nelson Rodrigues)

Primeiro, o casal teve sete filhas! O pai, que se chamava Macário, coçava a cabeça, numa exclamação única e consternada: 
— Papagaio!
Era um santo e obstinado homem. Sua utopia de namorado fora um simples e exíguo casal de filhos, um de cada sexo. Veio a primeira menina, mais outra, uma terceira, uma quarta e outro qualquer teria desistido, considerado que a vida encareceu muito. Mas seu Macário incluía entre seus defeitos o de ser teimoso. Na quinta filha, pessoas sensatas aconselharam: "Entrega os pontos, que é mais negócio!". Seu Macário respirou fundo:
— Não, nunca! Nunca! Eu não sossego enquanto não tiver um filho homem!
Por sorte, casara-se com uma mulher; d. Flávia, que era, acima de tudo, mãe. Sua gravidez transcorria docemente, sem enjôos, desejos, tranqüila, quase eufórica. Quanto ao parto propriamente, era outro fenômeno estranhíssimo. Punha os filhos no mundo sem um gemido, sem uma careta. O marido sofria mais. Digo "sofria mais" porque o acometia, nessas ocasiões, uma dor de dente apocalíptica, de origem emocional. O caso dava o que pensar, pois Macário tinha na boca uma chapa dupla. Quando nasceu a sétima filha, o marido arrancou de si um suspiro em profundidade; e anunciou:
— Minha mulher, agora nós vamos fazer a última tentativa!

NOVO PARTO 
No dia que d. Flávia ia ter o oitavo filho, os nervos de seu Macário estavam em pandarecos. Veio, chamada às pressas, a parteira, que era uma senhora de cento e trinta quilos, baixinha e patusca. A parteira espiou-a com uma experiência de mil e setecentos partos e concluiu: "Não é pra já!". Ao que, mais do que depressa, replicou seu Macário:
— Meus dentes estão doendo!
E, de fato, o grande termômetro, em qualquer parto da esposa, era a sua dentadura. A parteira duvidou, mas, daí a cinco minutos, foi chamada outra vez. Houve um incidente de última hora. É que a digna profissional já não sabia onde estava a luva. Procura daqui, dali, e não acha. Com uma tremenda dor de dentes postiços, seu Macário teve de passar-lhe um sabão:
— Pra que luvas, carambolas? Mania de luvas!

EUSEBIOZINHO
Assim nasceu o Eusebiozinho, no parto mais indolor que se possa imaginar. Uma prima solteirona veio perguntar, sôfrega: "Levou algum ponto?". Ralharam:
— Sossega o periquito!
O fato é que seu Macário atingira, em cheio, o seu ideal de pai. Nascido o filho e passada a dor da chapa dupla, o homem gemeu: "Tenho um filho homem. Agora posso morrer!". E, de fato, quarenta e oito horas depois, estava almoçando, quando desaba com a cabeça no prato. Um derrame fulminante antes da sobremesa. Para d. Flávia foi um desgosto pavoroso. Chorou, bateu com a cabeça nas paredes, teve que ser subjugada. E, na realidade, só sossegava na hora de dar o peito. Então, assoava-se e dizia à pessoa mais próximo:
— Traz o Eusebiozinho que é hora de mamar!

FLOR DE RAPAZ 
Eusebiozinho criou-se agarrado às saias da mãe, das irmãs, das tias, das vizinhas. Desde criança, só gostava de companhias femininas. Qualquer homem infundia-lhe terror. De resto, a mãe e as irmãs o segregavam dos outros meninos. Recomendavam: "Brinca só com meninas, ouviu? Menino diz nomes feios!". O fato é que, num lar que era uma bastilha de mulheres, ele atingiu os dezesseis anos sem ter jamais proferido um nome feio, ou tentado um cigarro. Não se podia desejar maior doçura de modos, idéias, sentimentos. Era adorado em casa, inclusive pelas criadas. As irmãs não se casavam, porque deveres matrimoniais viriam afastá-las do rapaz. E tudo continuaria assim, no melhor dos mundos se, de repente, não acontecesse um imprevisto. Um tio do rapaz vem visitar a família e pergunta:
— Você tem namorada?
— Não.
— Nem teve? 
— Nem tive. 
Foi o bastante. O velho quase pôs a casa abaixo. Assombrou aquelas mulheres transidas com os vaticínios mais funestos: "Vocês estão querendo ver a caveira do rapaz?". Virou-se para d. Flávia:
— Isso é um crime, ouviu?, é um crime o que vocês estão fazendo com esse rapaz! Vem cá, Eusébio, vem cá! Implacável, submeteu o sobrinho a uma exibição. Apontava:
— Isso é jeito de homem, é? Esse rapaz tem que casar, rápido!
PROBLEMA MATRIMONIAL 
Quando o tio despediu-se, o pânico estava espalhado na família. Mãe e filhas se entreolharam: "É mesmo, é mesmo! Nós temos sido muito egoístas! Nós não pensamos no Eusebiozinho!". Quanto ao rapaz, tremia num canto. Ressentido ainda com a franqueza bestial do tio, bufou:
— Está muito bem assim!
A verdade é que já o apavorava a perspectiva de qualquer mudança numa vida tão doce. Mas a mãe chorou, replicou: "Não, meu filho. Seu tio tem razão. Você precisa casar, sim". Atônito, Eusebiozinho olha em torno. Mas não encontrou apoio. Então, espavorido, ele pergunta:
— Casar pra quê? Por quê? E vocês? — Interpela as irmãs: — Por que vocês não se casaram?
A resposta foi vaga, insatisfatória:
— Mulher é outra coisa. Diferente.
A NAMORADA
Houve, então, uma conspiração quase internacional de mulheres. Mãe, irmãs, tias, vizinhas desandaram a procurar uma namorada para o Eusebiozinho. Entre várias pequenas possíveis, acabaram descobrindo uma. E o patético é que o principal interessado não foi ouvido, nem cheirado. Um belo dia, é apresentado a Iracema. Uma menina de dezessete anos, mas que tinha umas cadeiras de mulher casada. Cheia de corpo, um olhar rutilante, lábios grossos, ela produziu, inicialmente, uma sensação de terror no rapaz. Tinha uns modos desenvoltos que o esmagavam.
E começou o idílio mais estranho de que há memória. Numa sala ampla da Tijuca, os dois namoravam. Mas jamais os dois ficaram sozinhos. De dez a quinze mulheres formavam a seleta e ávida assistência do romance. Eusebiozinho, estatelado numa inibição mortal e materialmente incapaz de segurar na mão de Iracema. Esta, por sua vez, era outra constrangida. Quem deu remédio à situação, ainda uma vez, foi o inconveniente e destemperado tio. Viu o pessoal feminino controlando o namoro. Explodiu: "Vocês acham que alguém pode namorar com uma assistência de Fla-Flu? Vamos deixar os dois sozinhos, ora bolas!". 
Ocorreu, então, o seguinte: sozinha com o namorado, Iracema atirou-lhe um beijo no pescoço. O desgraçado crispou-se, eletrizado:
— Não faz assim que eu sinto cócegas!
O VESTIDO DE NOIVA
Começaram os preparativos para o casamento. Um dia, Iracema apareceu, frenética, desfraldando uma revista. Descobrira uma coisa espetacular e quase esfregou aquilo na cara do Eusebiozinho: "Não é bacana esse modelo?". A reação do rapaz foi surpreendente.
Se Iracema gostara do figurino, ele muito mais. Tomou-se de fanatismo pela gravura:
— Que beleza, meu Deus! Que maravilha!
Houve, aliás, unanimidade feroz. Todos aprovaram o modelo que fascinava Iracema. Então, a mãe e as irmãs do rapaz resolveram dar aquele vestido à pequena. E mais, resolveram elas mesmas confeccionar. Compraram metros e metros de fazenda. Com um encanto, um élan tremendo, começaram a fazer o vestido. Cada qual se dedicava à sua tarefa como se cosesse para si mesma. Ninguém ali, no entanto, parecia tão interessado quanto Eusebiozinho. Sentava-se, ao lado da mãe e das irmãs, num deslumbramento: "Mas como é bonito! Como é lindo!". E seu enlevo era tanto que uma vizinha, muito sem cerimônia, brincou:
— Parece até que é Eusebiozinho que vai vestir esse negócio!
0 LADRÃO
Uns quatro dias antes do casamento, o vestido estava pronto. Meditativo, Eusebiozinho suspirava: "A coisa mais bonita do mundo é uma noiva!". Muito bem. Passa-se mais um dia. E, súbito, há naquela casa o alarme: "Desapareceu o vestido da noiva!". Foi um tumulto de mulheres. Puseram a casa de pernas para o ar, e nada. Era óbvia a conclusão: alguém roubou! E como faltavam poucos dias para o casamento sugeriram à desesperada Iracema: "O golpe é casar sem vestido de noiva!". Para quê? Ela se insultou:
— Casar sem vestido de noiva, uma pinóia! Pois sim!
Chamaram até a polícia. O mistério era a verdade, alucinante: Quem poderia ter interesse num vestido de noiva? Todas as investigações resultaram inúteis. E só descobriram o ladrão quando dois dias depois, pela manhã, d. Flávia acorda e dá com aquele vulto branco, suspenso no corredor. Vestido de noiva, com véu e grinalda — enforcara-se Eusebiozinho, deixando o seguinte e doloroso bilhete: "Quero ser enterrado assim".

 Modinha (composição: Sérgio Bittencourt) interpretada por Altemar Dutra e Nelson Gonçalves


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