domingo, 18 de março de 2012

Soneto - Camões...

Soneto LXXXI

Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.



É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?



Luiz Vaz de Camões


Local onde repousa os restos mortais de Camões - Mosteiro de São Jerônimo - Lisboa - Portugal







Nenhum comentário:

Postar um comentário