Rapidinhas domingueiras...

Uma vergonha...

O Brasil atualmente está de olho no Supremo Tribunal Federal onde nessa semana vindoura será decidido se os famosos "embargos infringentes" dos condenados do mensalão serão aceitos ou não, permitindo uma possível postergação de uma novela jurídica que não termina nunca. Duas coisas estão em jogo nessa decisão: a primeira é a convicção de que a corrupção é viável quando se trata de pessoas ricas e do alto escalão político, pois possuem excelentes advogados pagos a peso de ouro para livrar das grades seus clientes, traduzindo a máxima brasileira de que rico não vai para cadeia (somente pobre e preto) e a segunda é a de que as regras jurídicas são apenas "fundo de pano virtual"  quando entra em jogo os interesses políticos expressos pelos grupos ligados ao poder. Caso seja aceito esses embargos é a consagração da impunidade como destino final dos infratores.

Durante os meses de Junho e Julho desse ano, o Brasil foi varrido de Norte a Sul com movimentos de protestos contra a corrupção e por um modelo de desenvolvimento que realmente faça avançar esse país. A classe política foi a mais escorraçada justamente pela falta de credibilidade perante a população para efetuar as reformas que essa nação precisa, estre as quais, a própria reforma política que nunca saiu e jamais sairá do papel se depender do congresso que hoje temos. O fundamento básico de sustentação de uma sociedade civil organizada é uma credibilidade mínima nas instituições que regulam essa dita sociedade amparada na convivência dos pensamentos contrários modelada num regime democrático. Quando não se tem ou se perde essa credibilidade, a tendência é a revolta popular como os protestos mais exacerbados que aparecem diariamente na televisão. A sociedade não vai acreditar em um sistema judiciário que protege e postega ao máximo a punição aos corruptos efetivamente comprovados através de sua maior instância de decisão. Caso venha a se tornar realidade essa impunidade desses "bandidos" de colarinho branco, só nos resta o caminho de rasgar literalmente nossa própria constituição e voltar ao estado da barbárie, deixando que a força bruta e a lei do mais forte prevaleça. 

Vergonha II...

Fui presidente da câmara municipal de Baraúna em duas oportunidades e convivi com vários pares com posições assemelhadas como contrárias, no jogo democrático normal entre situação e oposição. Mas nessas duas oportunidades, jamais permiti, por menor que fosse, desrespeitos pessoais com acusações entre os vereadores envolvendo assuntos particulares ou fora da esfera política, até porque quem envereda por esse caminho não tem base intelectual para sustentar um debate com seu ninguém, muito menos exercer uma função tão importante como a de legislador municipal. A agressão e o descontrole verbal evidenciam imaturidade, despreparo mental e ausência de habilidade política para exercer essa atividade parlamentar. Chegamos a ter nessas duas oportunidades debates acirrados com vários colegas, até mesmo com sessões bastante concorridas como a da instalação de uma CEI contra o ex-prefeito José Araújo onde afloraram as paixões políticas, mas jamais a situação fugiu do controle ou foi recheada de acusações pessoais. É por isso que muita gente ainda relembra os vários exemplos de bons vereadores que passaram por essa câmara, tais como, Fábio Moura, Saldanha, Júnior Abreu, Daniel Pereira, Aderson Bezerra, Edson Barbosa, entre tantos outros, que sabiam exercer sua função, defendendo seus interesses políticos e partidários, mas sem perder a postura, a educação e a razão que são exigidas de um representante do povo baraunense, mesmo quando tinhas suas posições contrariadas ou estavam em minoria, pois quem não sabe ser "grande" quando perde um debate ou uma votação parlamentar, também continuará a ser "pequeno" quando obtiver as vitórias nesse mesmo parlamento.

Corações animais - Zé Ramalho