Zé Bezerra, pessoa por demais conhecida no Rio Grande do Norte, passou por algumas dificuldades durante sua administração como prefeito baraunense entre 1989 a 1992. Atrasos de pagamentos as vezes acontecia e isso por vezes não era compreendido por algumas pessoas, entre elas podemos citar o caso de Maranhão.
Maranhão, desportista tradicional durante muitos anos em Baraúna, possuía uma pequena F 1000 com a qual realizava alguns fretes para a prefeitura. Após realizar diversas viagens e nada de receber, Maranhão ficou de "cabeça quente" e esclamou:
- "Hoje eu recebo de Zé Bezerra nem que a vaca tussa. Vou mostrar a ele com quantos paus se faz uma canoa." Ameaçou Maranhão.
Decidido, coloca um revólver na cintura, e parte resoluto para a prefeitura. Nada de Zé Bezerra. A secretária, um pouco temerosa, afirma:
- "Ele está atendendo em sua residência".
Maranhão parte em direção da casa de Zé Bezerra com gosto de gás. Quando passa em frente ao mercado, algumas pessoas tentam contê-lo sem sucesso.
-"Saiam da frente. Hoje ele me paga, ou então eu ou ele irá para o cemitério". finalizou.
Ao chegar na calçada de Zé Bezerra, bate palmas e pergunta por Zé Bezerra. O próprio Zé Bezerra responde:
-"Pode entrar Maranhão, meu filho, a casa é sua."
Ao entrar, Maranhão se depara com 15 velhinhas conversando com Zé Bezerra. Todas com terço na mão, pois faziam parte da legião de Maria, da igreja católica. Zé Bezerra com sua esperteza peculiar, cai de joelhos, cruza as mãos e exclama:
-"Maranhão, meu filho, Jesus mandou voce aqui. Seu pagamento está lá na gaveta da prefeitura. Essas velhinhas aqui estão desesperadas esperando um carro para levar elas para o Juremal e não aparece ninguém. Só voce, meu filho. Maranhão voce é um herói. Voce merece um lugar junto de Jesus". Complementa Zé Bezerra.
Em seguida, Zé Bezerra volta-se para as velhinhas e solicita, em tom efusivo:
-"Vamos filhas de Deus bater uma salva de palmas bem forte para Maranhão que ele merece". Grita Zé Bezerra.
E a salva de palmas ecoou pela sala, ruidosa. E Maranhão, a esta altura totalmente desarmado, esboça um sorriso e efetua mais uma viagem para a prefeitura no pindura.
(extraído da obra "Baraúna - sua gente sua história" do autor desse blog).
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