Análise...

Como havia prometido irei tecer algumas considerações relacionadas ao poder legislativo, com os pés no chão e não baseado em paixões partidárias que normalmente assolam as pessoas que arrotam prepotência e previsões mirabolescas baseadas em seus próprios interesses eleitorais.

O primeiro passo é relembrar os fatos da eleição de 2008. Cada eleição é uma história totalmente diferente e com suas especificidades próprias. Apenas a guisa de informação, em 2008 aconteceram dois fatos políticos que provocaram a eleição predominante dos candidatos da situação: a formação de duas coligações inteligentes abrangendo o PMDB/PR (com a divisão de candidatos potencialmente fortes com candidatos não tão fortes) e uma terceira abrangendo os partidos tidos como "pequenos" (leia-se PV e PC do B). O segundo fato foi um isolamento completo dos partidos da oposição (leia-se DEM e PT) que saíram de forma não inteligente, isoladamente e não conseguiram atingir o quociente partidário necessário.

Com todas as dificuldades da campanha, esses dois partidos oposicionistas se tivessem se coligado na proporcional teriam conseguido eleger pelo menos 01 vereador (974 votos conseguidos juntos pelos candidatos do DEM e 594 votos conseguidos pelos candidatos do PT - juntos teriam obtido 1.568 votos e teriam obtido o quociente partidário para eleger 01 vereador - no caso Naldo da Padaria teria sido eleito vereador com menos de 300 votos). Por essa falta de visão dos líderes partidários em prol de seus interesses na chapa majoritária, prejudicaram integralmente todo o grupo de candidatos da chapa proporcional de ambos os partidos.

No caso das futuras eleições de 2012, o contexto mudou totalmente . Embora o PR ainda continue no poder, o PMDB já saiu dessa aliança, fraturando praticamente ao meio o capital eleitoral de 2008. Vejamos algumas diretrizes e caminhos que podem ser adotados pelos protagonistas em jogo. Vamos iniciar pela situação que possui concretamente os seguintes partidos: PR, PMN, PV, PSD e PSB.

O PR, partido que possui atualmente 03 vereadores dispostos a reeleição (Robertão, Neuza e Flávio Mathias) e 01 vereador (Marcos Churrasco) que flerta com a oposição, tem um potencial eleitoral teoricamente mais forte, contando ainda com uma chapa completa de 17 pré-candidatos, entre os quais aparece como forte candidato o atual secretário da Educação baraunense, Marcos Antônio. Com um time mais forte amedronta os partidos situacionistas tidos como "pequenos", tais como o PMN e o PV (que possuem também uma equipe, em termos quantitativos, assemelhada ao PR girando em torno de 15 a 16 pré-candidatos).
O PSB e o PSD possuem duas alternativas: ou se coligam com o PR (passando a ser diluídos no montante e auxiliando a aumentar o quociente partidário do PR) ou se coligam com o PV e o PMN (podendo, teoricamente, ter uma quantidade maior de oxigênio para possivelmente eleger 01 de seus candidatos). Em nosso entendimento, o PR com essas estratégias elegem 03 vereadores e brigarão pela quarta vaga (dependendo dos acertos partidários que serão realizados com o PSD e o PSB).

Para o PMN e o PV não é interessante fazer coligação com o PR, pois podem "roubar o pão da boca" de seus potenciais candidatos favoritos. No PMN surgem como favoritos para a disputa direta Tertinho, Arimatéia, Rui de Bilé e Wilson Cabral. Com um grupo alternativo de 16 pré-candidatos, o PMN se alimentará das migalhas caídas da mesa real do PR provindas do candidato da chapa majoritária. Para o PMN seria interessante uma coligação com o PSB, o que aumentaria seu quociente partidário. Com o PSD não seria interessante (pois Divanize poderia abocanhar a vaga de um deles). Em nosso entendimento, o PMN elegerá 01 candidato tranquilamente e brigará pela segunda vaga com condições reais mais efetivas se fizer a coligação com o PSB.

Para o PV, que possui atualmente 01 vereador (Edson Barbosa) com um grupo de 15 pré-candidatos e a sombra de 01 vereadora (Sirléia Lopes) refletida em seu pai, Ailton Lopes, seria interessante também uma coligação com o PSB (em termos de aumentar o quociente partidário). Os favoritos naturalmente são o próprio vereador Edson Barbosa e o ex-vice-prefeito Ailton Lopes que terão uma disputa mais direta pelas vagas. Em nosso entendimento, o PV elegerá tranquilamente 01 vereador e brigará pela segunda vaga (se fizer a coligação com o PSB essa possibilidade se torna mais concreta).

No total, e levando em conta os quocientes partidários necessários (o quociente partidário deverá girar em torno de 1.350 votos), penso que a situação elegerá tranquilamente 05 vereadores (situação mais pessimista) e 08 vereadores (situação mais otimista).

A oposição possui atualmente os seguintes partidos: PMDB, DEM, PSDB, PT e PDT.

O PMDB, partido que possui dois vereadores em exercício (Adjano e Nerivan) tem uma equipe de 15 pré-candidatos que inclui entre seus membros candidatos com boas perspectivas eleitorais, tais como Ritinha, Maninho e Lurdes de Lachico. Entretanto passa por uma situação assemelhada ao PR, ou seja, os pequenos não querem se coligar com o PMDB pelos mesmos motivos atinentes ao situacionismo. Peixe grande engole peixe pequeno. Em nosso entendimento com o atual quadro o PMDB elege tranquilamente 02 vereadores e poderá brigar por uma terceira vaga.

O PSDB possui uma equipe de 17 pré-candidatos a vereador e saindo sozinho elege tranquilamente 01 vereador, podendo brigar pela segunda vaga. O interessante seria uma coligação com o PT (que possui em torno de 05 pré-candidatos) e com o PDT (que possui 03 pré-candidatos), podendo gerar uma coligação com 22 nomes. Como já existe um pré-compromisso firmado, pensamos que a união desses 22 pré-candidatos tidos como de pouco potencial eleitoral, pode trazer benefícios mútuos. Em se concretizando essa coligação, elege tranquilamente 02 vereadores (que tanto poderá incluir candidatos do PSDB, PT ou PDT) e poderá briga por uma terceira vaga. 

Quanto ao DEM terá que optar em se coligar na proporcional ou com o PT, ou com o PDT, ou com o PSDB, ou em último caso com o PMDB (hipótese menos interessante por motivos óbvios). Sózinho, com o atual quadro de pré-candidatos, não consegue eleger ninguem.

No total e levando em conta os quocientes partidários a oposição fará 04 vereadores (situação mais pessimista) e 06 vereadores (situação mais otimista). Tudo dependerá do desempenho da chapa majoritária e do apoio logístico partidário empregado.

Agora podem haver surpresas. Em política se for usada a inteligência, até mesmo partidos contrários ideologicamente podem fazer coligações na proporcional, sem necessariamente serem obrigados a fazer coligações na majoritária. Nessas horas o que fala em primeiro lugar é a questão da sobrevivência política. Infelizmente em nosso contexto político só tem valor quem tem mandato. Se os partidos deixarem de lado o radicalismo e as paixões partidárias que naturalmente desembocam na eleição majoritária e passarem a observar suas próprias estratégias de sobrevivência e ocupação de espaço político poderão conseguir vitórias impensáveis. Se mantiver a visão estreita e "cegos pela paixão" poderão continuar sendo meros coadjuvantes de um jogo historicamente determinado pelos protagonistas maiores e reescrever a mesma história de 2008.