Primeiras rapidinhas de 2013....

Tertinho....novo presidente

A vitória de Tertinho por 6 x 5 como novo presidente da câmara com o apoio de todo o bloco unido da oposição mostra em primeiro lugar que o poder e o dinheiro "compram" muita gente, mas não compra todo mundo. A sedução e o fascínio de que tudo se resolve no momento certo levando uma "boa oferta" e estimulando a ambição e o desejo como moeda de troca levou um sonoro baque. Rememorando um pouco sobre essa vitória, em 21 de Dezembro de 2012, nesse mesmo blog, eu já alertava sobre a união da oposição em torno de Tertinho e de que ele seria eleito:

A eleição da próxima legislatura da câmara municipal de Baraúna está nas mãos de Tertinho....se deixar passar o cavalo selado...adeus.....se for engolir corda com promessa para uma próxima...também adeus...O PMN está com a faca e o queijo na mão e só será respeitado de igual para igual se tiver poder, caso contrário será um "aliado necessário" e nada mais.... Tertinho sendo eleito, mesmo com o apoio da oposição, não impede em nada que continue na base do prefeito, que pelo contrário passará a respeitá-lo mais ainda, pois nenhum prefeito de bom senso sabe que vale a pena brigar com presidente de câmara...se usar a inteligência ganhará o PMN, ganhará o próprio Tertinho que será guindado a uma nova função em sua carreira, ganhará a oposição que terá parte de acesso na câmara e ganhará o próprio prefeito eleito que manterá seu aliado.....o novo sempre vem e isso é salutar para a democracia...agora se quiserem forçar a barra para manter um outro candidato, pode acontecer de tudo...inclusive nada...como dizia o saudoso Bóris Casoy....

Pois bem, a oposição nesse caso usou da inteligência e ganhou a eleição de forma brilhante ao superar as próprias ambições internas, deixando de lado o pessoal e pensando no coletivo para se alcançar o êxito. Tertinho agiu mais que certo ao não deixar passar o cavalo selado e montou na sela no momento certo. Mas a sua maior vitória, em meu entender, não foi ter alcançado a presidência já em seu primeiro mandato como vereador, mas acima de tudo deu uma lição de caráter e coerência a muita gente oportunista que achava que o dinheiro e o poder seduziam a todo mundo.Ontem mesmo, depois que viram a posição intransigente do Tertinho ao assumir sua candidatura, um certo advogado bastante conhecido na cidade, ligou para o pai de Tértulo (seu Antonio Alves) oferecendo a própria presidência da câmara ao Tertinho desde que ele abandonasse os vereadores da oposição com quem ele já havia se comprometido e vice-versa, e teria o apoio dos demais vereadores da situação. Tertinho com muita dignidade e caráter, disse não, pois não iria quebrar o trato já feito com os companheiros de primeira hora que se lembraram dele para ser presidente, ao contrário do prefeito que optou inicialmente pela reeleição de Robertão, depois vestiu a camisa da eleição de Divanise. Na visão errônea do prefeito, todos poderiam assumir o cargo de presidente da câmara menos o seu aliado Tertinho, que é genro de seu Edval, uma das famílias mais fiéis e que mais defenderam a sua própria eleição como prefeito. Foi um erro primário e infantil.

Os demais companheiros da oposição também receberam propostas mirabolantes e indecorosas com o intuito de mostrar a Tertinho que a oposição não era confiável. O Ruberlândio foi tentado até com proposta de secretaria. A Ailton Lopes foi oferecida a própria presidência. A Joãozinho da Aroeira foram oferecidos benefícios vários desde que votasse em Divanise. O mesmo advogado chegou a ligar para o vereador Maninho e recebeu um não antes mesmo de dizer qualquer proposta. A oposição mostrou coerência e cumpriu com o compromisso firmado com Tertinho, ao contrário da visão megalomaníaca das visionárias e mentirosas mães dinás de plantão:

Tertinho fizeram de você o que eles quiseram e agora vão lhe trair, esta turma não cumpre compromisso pago com areia de TIbau, morando na praia, estarei lá na Casa assistindo o contra golpe contra meu amigo Tertinho....

você no mínimo deveria ter coerência e gratidão com o prefeito que lhe ajudou..                                                                           

Pois é meu amigo mais uma vez falharam suas previsões amalucadas e mentirosas, pois conforme você mesmo disse o prefeito Isoares era ingrato e mentiroso, portanto como você poderia cobrar gratidão de Tertinho se você mesmo disse que o próprio prefeito Isoares era ingrato. Aliás, o prefeito eleito Isoares preferiu não seguir minha recomendação dita ontem nesse blog e preferiu optar, após emprenhar pelos ouvidos com conselho dos "gênios políticos de plantão" que estimulam o revanchismo político, pelo confronto aberto numa atitude muito pouco inteligente. Se tivesse aceito Tertinho como presidente único, teria diluído a própria vitória de Pirro da oposição. Ao perder o confronto, sofre sua primeira derrota politica criando um clima pouco confiável no relacionamento com a câmara e poderá sofrer outras maiores ainda se persistir ouvindo "conselhos geniais" desse tipo.

Poderia ter saído como a maior personagem no evento eleitoral de ontem, mas saiu menor do que entrou. Em estratégia politica, por vezes é necessário recuar no momento adequado para ampliar o domínio mais na frente. O filosófo Sun Tzu, em sua obra a arte da guerra, já afirmava que o mando há de ter como qualidades: sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e disciplina. Dessa forma se tivesse utilizado a sabedoria (não confundir com esperteza) o caminho do diálogo teria sido a melhor alternativa e a utilização das armas do poder e do dinheiro é subjetiva quando entra em cenas as pessoas: para algumas delas um milhão de reais não vale nada e por vezes uma simples palavra vale tudo. A regra básica com os inimigos políticos deve ter como base a paciência e a tolerância conforme nos ensina o Dalai Lama:

"Por um lado, ter um inimigo é muito ruim. Perturba nossa paz mental e destrói algumas de nossas coisas boas. Mas, se vemos de outro ângulo, somente um inimigo nos dá a oportunidade de exercer a paciência. Ninguém mais do que ele nos concede a oportunidade para a tolerância. Já que não conhecemos a maioria dos cinco bilhões de seres humanos nesta terra, a maioria das pessoas também não nos dá oportunidade de mostrar tolerância ou paciência. Somente essas pessoas que nós conhecemos e que nos criam problemas é que realmente nos dão uma boa chance de praticar a tolerância e a paciência".

Traíras....

Parabéns a Tertinho que enfrentou até o próprio partido, pois vejam que até sua própria companheira votou contra ele mesmo tendo empenhado sua palavra de que votaria nele e acompanharia o partido. Mas nenhuma novidade com relação a isso e nada que a oposição já não esperasse, pois como já frisei aqui palavra e compromisso não é para qualquer um. Até seu presidente partidário foi de uma fraqueza ímpar, pois esqueceu do correligionário do próprio partido para se lembrar somente do seu umbigo. O que é que dinheiro e poder não faz. Tertinho enfrentou a tudo e a todos mostrando coragem e determinação, qualidades imprescindíveis para um cargo tão importante (o terceiro maior em hierarquia no município) evidenciando que a edilidade legislativa está em boas mãos. Parabéns aos vereadores que mantiveram seus posicionamentos sem ceder aos encantos da sereia e a Tertinho mais uma vez desejando que faça uma boa administração.

Por falar em ingratidão....

Senhor Dongguo e o Lobo.

Um letrado a quem todos chamam-no como senhor Dongguo era muito antiquado e costumava atuar agarrado às rotinas escritas nos livros. Um dia, o senhor Dongguo ia buscar um posto de funcionário no País de Zhongshan, levando seu burro que carregava um saco de livros. A meio caminho, um lobo ferido saiu à sua frente rogando: “senhor, os caçadores estão me perseguindo, feriram-me com flechas e querem a minha vida. Permite-me esconder no saco de livros e vou agradecê-lo com ricas retribuições”. O senhor Dongguo, que bem sabia que o lobo era animal vicioso, viu que fora ferido e teve compaixão. Pensou um pouco e disse: “se vou salvá-lo, desagradarei os caçadores. Mas, uma vez que viesse pedir-me o favor, tenho que salvá-lo”. Dito isto, o senhor mandou o lobo encolher-se, atou suas quatro patas e escondeu-o no saco de livros.

Pouco tempo depois, os caçadores chegaram e perguntaram ao senhor Dongguo pelo lobo: “Já viu um lobo passando por aqui?” O senhor Dongguo respondeu: “Não, não vi nenhum lobo. Aqui há muitos caminhos. Ele pode já fugir por outros caminhos”.

Os caçadores acreditaram nas palavras de Dongguo e continuaram a caçar o lobo. O lobo no saco, ouvindo que os caçadores se afastaram, pediu de novo ao senhor Dongguo: “senhor, por favor, deixe-me sair”. O bondoso homem desatou o saco e libertou o lobo. Mas, este, com um uivo, disse: “estou com fome danada da vida. Já me salvou uma vez, que tal me salvará mais uma vez? Deixe-me comê-lo”. E lançou-se ao senhor Dongguo.

O senhor Dongguo, lutando contra o lobo, maldizia sua ingratidão. Neste momento, um agricultor passou por eles com uma enxada aos ombros. O senhor Dongguo contou-lhe o acontecido e pediu-o a julgar o justo e o injusto, enquanto o lobo negou que o letrado o tivesse salvado. O agricultor pensou um pouco e disse: “Não acredito em suas palavras. É impossível que esconda um lobo deste tamanho num pequeno saco de livros. Poderia fazê-lo de novo para que veja a meus próprios olhos”. O lobo concordou e encolheu-se de novo para que o senhor Dongguo o atasse e colocasse no saco de livros. Vendo o lobo no saco, o agricultor bem fechou a boca do saco e disse ao senhor Dongguo: “a natureza de um animal vicioso jamais mudará. Você até tem piedade com ele e é realmente um homem confuso”. Depois de dizer estas palavras, o agricultor brandiu uma enxada e matou o lobo. O senhor Dongguo entendeu tudo de repente e agradeceu ao agricultor pela salvação.

No Chinês atual, “o senhor Dongguo” e “o lobo de Zhongshan” viraram dois provérbios. O primeiro indica as pessoas que abusam da compaixão e, o último, pessoas ingratas.

Soneto XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

                                                   A MAÇA - RAUL SEIXAS