Um cargo que poderia ser extinto...

Diante do rompimento do vice-governador Robinson Farias do PSD com o governo Rosalba do DEM, aparece a velha pergunta de sempre: por que existe a função de vice no Brasil.?

Segundo a constituição federal a função de vice engloba ser o sucessor do Prefeito, governador ou presidente em casos de vaga do cargo e o substituto em casos de licença ou impedimento. O Brasil possui 26 estados mais o distrito federal (Brasília que é localizado dentro do estado de Goiás) e 5.564 municípios. Mas em 99% dos casos, o vice serve somente para ajudar a ganhar a eleição (e as vezes para fazer perder a eleição), mas tão logo o titular assume o poder, as estratégias de não dar "asas" ao vice é colocada em prática como forma de evitar um possível concorrente ao próprio cargo ou uma possível traição política. Os rompimentos são quase regulares e se traduzem num ciclo onde o renegado passa a ser candidato numa eleição futura contra o titular, e quando ganha, também entrará em conflito com seu próprio vice. Daí a pergunta: por que continuar tendo vice no Brasil?

Ora o governo federal tem no legislativo um senado e uma câmara federal, com o presidente podendo assumir as vacâncias do presidente brasileiro; Os estados tem os presidentes das assembléias estaduais; os municípios tem os presidentes das câmaras municipais. Todos esses cargos públicos podem perfeitamente assumir temporariamente as vacâncias dos titulares do poder executivo sem qualquer problema. Vários projetos já foram colocados na câmara federal para acabar com esse "apêndice" do poder executivo, mas nenhum deles foi aprovado. A economia que seria gerada com a extinção dessa função seria bastante significativa aos cofres públicos brasileiros.

O caso específico do rompimento político do vice-governador Robinson Farias era um fato já esperado. A criação dele do PSD em nível de Estado contrariou frontalmente ao DEM estadual. Olhando sob o ponto de vista do vice-governador ele estava certo em se fortalecer políticamente para o futuro que almeja; olhando sob o ponto de vista da governadora Rosalba do DEM,  ela estava criando cobra para ser picada depois. Resumindo: melhor cortar o mal pela raiz. Mas que consequências passarão a existir a partir desse fato político?

Em primeiro lugar os partidários do PSD em nível estadual e municipal passam a ser vistos como "adversários políticos em potencial", por enquanto de forma disfarçada; brevemente de forma ostensiva. O PMDB, O PP e o ex-adversário PR passam a dividir como lobos o butim político dos cargos do outrora amigo PSD (leia-se os cargos que o PSD ocupava no governo, principalmente na secretaria de recursos hídricos e na Caern).

Em segundo lugar, a princípio, a governadora sofre um baque em termos de apoio político, tanto na assembléia estadual como na região do Seridó (reduto de Robinson Farias). Mas tem o poder da tinta na caneta que geralmente reverte esse casos com brevidade, desde que bem utilizado. Quanto a Robinson vai ter que buscar um lugar na sombra turva do cenário politico potiguar. Buscar reaproximação política com a ex-aliada Wilma de Farias? se agregar no projeto político de Carlos Eduardo a prefeitura do Natal? ou caminhar em faixa própria (caminho bem mais tortuoso)? são indagações que certamente estão passando atualmente pela cabeça do vice-governador.

Finalmente em nível municipal (Baraúna), o PSD teve um parto difícil e já nasceu com problemas. Só possui 29 filiados pegados "a dente de cachorro|" como diria os antigos e com uma promessa feita ao vice-governador de indicar o vice numa composição com o PR. Com o enfraquecimento do PSD e com a distensão politica  em nível estadual aos olhos da governadora, resta ao PR se agarrar com unhas e dentes ao deputado federal João Maia (ex-adversário da governadora) para conseguir uma melhor visibilidade com a "rosa".

Enquanto isso a oposição (que foi aliada da governadora quando de sua eleição em 2010) fica esperando o governo da Rosa aparecer em Baraúna, pois aparentemente, em Baraúna, Iberê já saiu do governo faz tempo. Mas o governo não saiu dele. Para um bom entendedor meia palavra basta.