quinta-feira, 3 de maio de 2012

O ciclo do algodão....

Iniciado no final do século XIX, o ciclo econômico algodoeiro no Rio Grande do Norte (principalmente na região do Seridó) se sobrepôs à pecuária bovina, atividade que praticamente deu origem ao povoamento colonial da região, e se transformou numa das mais fortes fontes formadoras da renda do Estado, muito embora essa fosse uma agricultura de sequeiro, praticada em terreno árido e sem irrigação. Contribui para essa acessão o fato da região ser a origem de um dos mais procurados tipos de fibra de algodão, o algodão mocó ou simplesmente o "algodão do Seridó".

Já nos anos de 1920, a região do Seridó passou a produzir mais de 40% de todo algodão exportado pelo Estado potiguar. Os altos lucros atraíram quase todo o potencial de trabalho, capital e tecnologia disponíveis na região, que foram empregados na produção, beneficiamento e comercialização daquilo que era um verdadeiro ouro branco. Em função disso, "até a década de 1970, a maior parte da população do Seridó estava concentrada no meio rural". Essa situação se transplantava para o Estado: "A cultura do algodão no Rio Grande do Norte foi, até o final da década de 70, a principal fonte geradora de emprego e renda, tendo a agricultura participado em percentuais médios, no período 1962-71, com 45% da renda estadual; isoladamente, o algodão contribuiu com 32%" (SPF-RN, 2000). 


No município de Baraúna o ciclo do algodão ganha força principalmente na década de 60 substituindo gradativamente a época áurea da madeira (muito ativa na década de 50) e atraindo imigrantes de vários municípios potiguares. Boa parte das famílias tradicionais residentes atualmente em Baraúna se instalaram nesse período atraídas pela fase da cultura do algodão. O plantio do algodão nessa época em Baraúna era sinal de dinheiro no bolso e estabilidade do pequeno e médio agricultor sendo responsável direto pela implantação definitiva de um comércio nativo que auferia lucros indiretos advindos do faturamento algodoeiro. Vários armazéns e entrepostos de venda e comércio do algodão foram criados nessa época trazendo progresso e desenvolvimento ao então distrito de Baraúna (nesse período era ligado jurisdicionalmente ao município de Mossoró). Para se ter uma ideia desse auge, na década de 60 o plantio do algodão chegou a atingir 500.00 hectares no Rio Grande do Norte.

A partir dos anos 70, sucederam-se vários fatores que, juntos, provocaram a decadência das atividades ligadas à economia algodoeira no país e no Estado: o aparecimento das fibras sintéticas, a ocorrência de uma seqüência de períodos de seca, as altas taxas de juros e a correção monetária incidentes nos contratos de empréstimo rural e, finalmente, o aparecimento da praga do bicudo. O bicudo é freqüentemente evocado como o pivô da crise, entretanto ele foi tão somente mais dos problemas que se somaram e ocasionaram essa história. O efeito social, paralelo, foi a urbanização da população; a migração de grande parcela de população da zona rural para as cidades. 

(Fontes: Tomislav R. Femenick/Valdeci dos Santos Júnior)

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