De olho no futuro e com outro no passado...

Uma das melhores formas de se prever o futuro é enxergando o passado. Esse pensamento não é meu e vários pensadores já frisaram essa diretriz na análise das perspectivas eleitorais. Analisemos os números das três últimas eleições municipais:

Em 2000 havia 13.115 eleitores aptos a votar em Baraúna, tendo comparecido as urnas 11.093 eleitores. Portanto, não compareceram 2.022 eleitores, dando um índice de 15,4% de abstenção. Desses 11.093 eleitores, 190 votaram em branco para vereador e 544 eleitores anularam seus votos também para vereador. Isso permitiu chegar ao número de 10.359 votos válidos para vereador. Como naquela época ainda existia o número de 11 cadeiras para vereador, dividiu-se o total de votos válidos (10.359) por 11, tendo em 2000 o quociente eleitoral atingido um montante 941,72. Em outras palavras e de forma mais simples: todos os candidatos de um partido X, por exemplo, teriam que, juntos, somar 942 votos para esse partido ter o direito de colocar 01 vereador na câmara municipal.

Em 2004 a coisa muda de figura pois o número de cadeiras na câmara foi reduzido para 09 vereadores. Nesse ano havia 12.325 eleitores aptos a votar, tendo comparecido as urnas um total de 11.844 eleitores, com somente 481 eleitores que deixaram de votar, dando uma margem de 3,9% de abstenção. Desses 11.844 eleitores, 126 votaram em branco e 341 anularam seus votos para vereador. Dessa forma, o total de votos válidos chegou a 11.377 que dividido por 9 (número de cadeiras na câmara) deu um quociente eleitoral de 1.264 votos.

Em 2008 existia 15.083 eleitores aptos a votar, tendo comparecido 14.143 eleitores as urnas. A quantidade de abstenções chegou a 940 eleitores, dando uma margem percentual de 6,4% de abstenções.Desses 14.143 eleitores, 245 votaram em branco e 412 anularam seus votos para vereador. O total de votos válidos finalizou em 13.486 que dividido por 9 (total de cadeiras da câmara municipal) deu um quociente eleitoral de 1.498 votos. Ou seja, cada partido ou coligação teria que alcançar, no mínimo, esse número para ter o direito de colocar 01 vereador na câmara.

Bom, isso são números das eleições passadas e quanto aos possíveis números do futuro? vejamos:

Baraúna possui atualmente 17.791 eleitores (Junho/2012 - fonte TSE) aptos a votar. Se observarmos o índice de abstenção das duas últimas eleições (2004 - 3,9% e 2008 - 6,4%) veremos que a média gira em torno de 5% um pelo outro. Isso nos levaria a um prognóstico de, possivelmente, 890 eleitores ausentes (abstenções). Para o cargo de vereador, a tendência histórica é que cerca de 200 eleitores, em média, votem em branco e cerca de 400 eleitores anulem seus votos para vereador. Se esse quadro hipotético se confirmar, teremos um provável montante de 16.301 votos válidos para vereador. Esse número dividido por 11 (total de cadeira da câmara atual) dará um possível quociente eleitoral de 1.482 votos. Portanto, cada partido ou coligação, terá que alcançar esse número para poder ter o direito de indicar 01 vereador para a câmara municipal.

Se a soma dos votos de todos os candidatos de um hipotético partido ou coligação X não alcançar esse número ele simplesmente fica alijado das demais rodadas percentuais para inclusão de outros vereadores. Isso foi o que aconteceu com o DEM e o PT em 2008. O DEM obteve um montante de 974 votos (soma de todos os candidatos) para vereador, enquanto que o PT obteve 594 votos para vereador. Como eles saíram sozinhos e não fizeram coligação, ficaram de fora. Se tivessem feito a coligação entre eles, teriam conseguido colocar 01 vereador na câmara municipal.

Portanto uma eleição é ao mesmo tempo reflexo do passado e ensinamentos para o futuro. Você pode ganhar uma eleição 01 ano antes (se souber fazer as coligações adequadas) e pode ficar de fora também antes mesmo de começar o jogo.

Em minha opinião, no município de Baraúna, fizeram estratégias adequadas o PSDB, PMN e PV, que em termos quantitativos se robusteceram com a soma dos pequenos e não quiseram conversa com peixe grande. Entretanto no final o PMN acabou perdendo gás com a desistência de alguns candidatos e poderá pagar um preço bem alto por isso. Fez uma composição inadequada, tem problemas com documentação/regras eleitorais e poderá entrar no jogo com somente 10 candidaturas no frigir dos ovos. Apesar das bravatas, quem ganha a vida com a boca é cantor e locutor de rádio. Eleição se ganha com votos na urna e nada mais. Já o PDT e o PT, apesar de não ter um número suficiente de candidatos em seus quadros, mas entraram em coligações adequadas e estão no jogo. O DEM, pelo seu próprio isolamento e sem querer conversa com ninguém, definhou, entrou num processo suicida e se extinguiu em termos de candidatura proporcional.

O PMDB e o PR cometeram o pecado do Golias que afastou os pequeninos com seu tamanho. O PR entrará num processo autofágico em breve com seus competidores brigando entre si por uma vaga que lhe garanta a sobrevivência política. Vai ter pouco pão pra muita gente e a disputa será aguerrida. Agora tudo são flores e sorrisos, mas na reta final da campanha é tempo de Murici, alimentada pela ciumeira crescente, as pauladas de jucá vai comer nas costelas e cada um que cuide de si. O PMDB conseguiu a coligação com o PV no apagar das luzes o que lhe trouxe mais alívio na disputa pelas vagas, ou então, mais dores de cabeça no final pois os novos amigos poderão se transformar em muy amigos na hora da onça beber água (leia-se disputa pelas vagas da proporcional). As pedras foram lançadas e o jogo apenas começou.