quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O valor da coragem e a comodidade da inércia....

O Geraldo Vandré falava que "quem sabe faz a hora não espera acontecer". O genial Raul Seixas já dizia na música "medo da chuva":   

Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que
Choram sozinhas no mesmo lugar

 Porque essa pequena introdução? essa mensagem é dirigida a todos aqueles que somente esperam as coisas acontecerem e a vida passar e, por vezes nem sabe que a vida passa por elas num segundo.

Lembro bem que em 1994 numa das avaliações anuais que o Banco do Brasil fazia, o avaliador perguntou o que eu gostaria de ser caso não trabalhasse no banco. Afirmei que iria ser professor universitário (estava aguardando o concurso público para docente da UERN que só viria a acontecer em 1998) e arqueólogo. Ele riu, pois achava possível eu ser professor, mas jamais seria um arqueológo (pois na época não havia nem curso no Brasil para isso) e trabalhava numa empresa federal, ou seja, teria que enfrentar muitos obstáculos.
Pois bem, em 1998 eu passei em primeiro lugar no concurso da UERN para o departamento de História, assumí a função de professor universitário; em 2003 concluí a especialização em Literatura e produção de textos pela UFRN (inclusive com vários colegas professores baraunenses). Em 2003 também começei o mestrado em arqueologia na primeira turma de arqueologia criada no nordeste brasileiro pela UFPE; Em 2005 terminei o mestrado. Em 2009 começei o doutorado e em 2012 já irei concluir, inclusive com apresentações do trabalho em Paris, na França. Nunca fui e nunca serei alguém que empurra as coisas para a frente e sempre procuro cumprir os compromissos que assumo. A palavra de um homem é sua assinatura em termos de postura. Faço as coisas acontecerem e certamente será sempre minha tônica de vida.

Bom, mas alguém poderá dizer que o meu caso é diferente. Diferente por quê? eu sou igual a voce que está acessando esse blog e voce é igual a mim. Temos histórias de baraunenses de sucesso profissional que hoje são juízes em outro Estado (Hélio, que foi professor em Baraúna), advogados de sucesso (Fábio Moura, Cleiton,o filho de Zefa da Padaria, que também foi professor em Baraúna, etc), pessoas com mestrado. Mas será que eles ficaram parados esperando as coisas acontecerem? claro que não. Sim, concordo que são casos contados nos dedos, mas não deveria fazer parte do grupo da exceção e sim da regra.

Pense nisso voce que é professor, que se qualificou, que batalhou para terminar sua graduação com muito sacrifício seu e de seus pais. Que se levanta todo dia para ensinar aos seus alunos, que por vezes volta estressado achando que nada disso vale a pena, mas no outro dia renovam-se as esperanças. É justo deixar que empresários mossoroenses (que sempre pautaram suas experiências de vidas pelo lucro e por pagar somente o mínimo e obrigatório por lei aos seus empregados) regulem seus salários, impeçam seus aumentos salariais, corrompam alguns colegas professores com migalhas para deixar tudo no que está? Se voce acha que sim, esqueça essas palavras que mencionei. Se voce acha que não, que devemos mudar esse quadro estático, inerte, em que se encontra a categoria dos funcionários públicos municipais fico feliz em saber que voce jamais será uma pedra que chora sozinha no mesmo lugar. Leia o poema completo do Maiakóvski (geralmente só se conhece a primeira estrofe) e perceba que voce tem uma grande força dentro de si que pode mudar as coisas: a vontade e o livre-arbítrio. E isso jamais tirarão de voce. Voce poderá até sorrir para os tiranos, algumas vezes por educação, outras vezes por necessidade mesmo. Mas diante da urna é só voce e sua consciência. É essa arma muito forte que pode dar sentido a palavra mudança.

NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.      
                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm 
A ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror
Os humildes baixam a cerviz
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo
por temor nos calamos

                   
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;                 
mas amanhã,        
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
 Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

4 comentários:

  1. Parabéns Valdeci por ter tido coragem pra mudar sua realidade,assim com vc venho me didicando pra mudar a minha também!!!Estou tentando outras áreas,pois na profissão de docente eu tô passando por inúmeras frustações.

    ResponderExcluir
  2. As critica nos dá força para vencer os obstáculos, nada vem de cima temos que ter coragem e raça, para fazer acontecer uma Baraúna, mais humana e com cara de cristo; é nesse sentido que que espero um dia ver a nossa velha e amada Baraúna, de caçadores, poetas, arqueólogos,agricultores,servente, pedreiro, professores, vigias, juízes, advogados, medicas, em fim de todos nos Baraunense, ou que aqui escolheu para morar. Um ano de 2012, repleto de realizações a todos.
    Jercejaime

    ResponderExcluir
  3. Caro valdeci estou ti escrevendo para falar das casas q/ tomarão de volta, ate ai tudo bem, mas tira familinha e botar dois rapasse soteiros q/ tem casa própria. só para servir matadouro, se e que você mim entende. E o caso dos filhos de valdisio.

    ResponderExcluir
  4. os professores não querem ser defendidos.Pouco se manisfestam. Estão todoooooooooooos bem caladinhos,coxixam expresando suas indiganações somente um para o outro e naaaaaaaaaaaaaaaaaada mais.

    ResponderExcluir